“Jovens, eu lhes escrevi porque vocês são fortes, e em
vocês a Palavra de Deus permanece e vocês venceram o Maligno.” 1 João 2:14
Sempre que fico sabendo que alguém conhecido foi aprovado no
vestibular, sinto como se fosse comigo. Dou um sorriso, às vezes solitário,
porque quem está ao lado nem sempre entende. Talvez essa minha empatia tenha a
ver com o fato de eu mesmo ter passado por isso algumas vezes, não sem muito
suor e conflitos. Então eu revivo o momento. Fico afobado, feliz, espalho a
notícia e, às vezes, surpreendo o próprio aprovado e a família (não é, Rebeca?).
E então, seguindo as etapas da reação em cadeia de minha vestibulanda
emotividade, surgem as vontades de recomendações. Ei-las:
Meus queridos, aproveitem essa dádiva. Não a encarem como uma
conquista firmada sobre o fundamento exclusivo do intelecto. Nem como um lance
de sorte e, tampouco, como milagre. É fruto de trabalho duro e, acima de tudo,
da graça de Deus. Desde a inteligência, passando pela persistência em estudar e
pela calma ao fazer a prova. Desde o apoio sempre presente da família até,
enfim, o nome na lista. Tudo vem da infinita e abundante graça de Deus. Que
essa graça seja a razão do seu deleite.
Apeguem-se com afinco à oportunidade concedida e
conquistada. Empenhem-se, levem a sério, busquem a excelência. Não sejam
acomodados. Não se contentem. Leiam, questionem, corram atrás. Ninguém é tão
responsável por sua formação quanto vocês mesmos. Aprendam na prática. Façam
estágios. Mil estágios. E não usem o estágio como desculpa para notas piores.
Pelo contrário: o aprendizado na prática deve ser encarado como uma
responsabilidade, compromisso com um desempenho ainda melhor.
Errem bastante. Aprendam a não se levarem tão a sério. Meus
maiores aprendizados vieram das bobagens homéricas que fiz quando era
estudante, estagiário e, para ser sincero, que ainda faço, às vezes, como profissional.
É do jogo.
Aproveitem para conhecer pessoas de todos os tipos, todas as
formas de pensar. Não as evitem apenas porque pensam diferente de vocês.
Aprendam a conversar e argumentar. Busquem sempre ser uma influência positiva
na vida de quem se aproximar de vocês. Acreditem em mim, é perfeitamente
possível fazer isso sem que nenhum princípio eterno que vocês carregam dentro
de si seja subvertido. E, de quebra, demonstra amor e interesse (e pouca coisa
surpreende mais as pessoas do que isso).
Mas, acima de tudo, nunca se esqueçam de quem são e do que
já aprenderam até aqui. Vocês serão questionados e, muitas vezes, pressionados,
mas não há razão para ter medo. Aprofundem-se no conhecimento da graça de Deus
que vocês já tiveram até aqui. Mergulhem nele. Deixem-se submergir na Palavra. Finquem
os pés nela. Não se envergonhem desse conhecimento. Ele é perfeitamente capaz
de responder a todas as perguntas, suprir todas as carências, acalmar todas as
ansiedades. Sejam prudentes e inteligentes ao lidar com esse conhecimento. Ele é luz e não algo para ser
escondido. E lembrem-se de que esse conhecimento é o que os faz fortes. Sejam
fortes, como já têm sido. Mantenham na mente e no coração essa Palavra que já
permanece em vocês.
E, finalmente, se esforcem para serem pessoas “inteiras”.
Não fomos chamados para sermos cristãos e jornalistas, cristãos e químicos, cristãos
e cientistas, cristãos e pedagogos. Fomos chamados para sermos seguidores de
Jesus Cristo por onde quer que andemos. Seguidores de Cristo que, pela graça de
Deus, também podem ter uma profissão. Façam tudo o que estiver ao alcance para lutar
contra essa dicotomia, essa ideia de “vida dupla”, separando o que é "cristão" do que é "secular". Que suas carreiras sejam também um ministério. Que sejam mais uma das muitas maneiras pelas quais o
Senhor permite que Sua luz brilhe por meio de vocês.
Parabéns pela conquista. Que o Senhor os abençoe. Muito
sucesso!